Como nossos genes funcionam e como as atividades gênicas são responsáveis pela origem e atuação das diversas células, tecidos e órgãos do corpo dos seres vivos?
Novas claridades a respeito desse questionamento, foram trazidas ao conhecimento, pelos ganhadores do Prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina de 2024.
Eles descobriram sobre um princípio inédito para a regulação da expressão gênica, essencial em todos os organismos multicelulares. A resposta está em pequenos RNAs não codificantes.
Os cientistas Victor Ambros, de 70 anos, e Gary Ruvkun, de 72 anos, os dois biólogos e professores universitários, investigaram quais molélulas influenciam o trabalho dos genes – as moléculas que carregam as instruções que tornam possível a organização dos seres vivos – permitindo que cada proteína expressa assuma uma função específica nos diversos organismos.
Ambros, atua na cadeira de Medicina Molecular na Universidade de Massachusetts e Ruvkun, atua como docente de Genética da Escola de Medicina da Universidade Harvard, as duas nos Estados Unidos.
O dois cientistas norte-americanos foram os primeiros a descobrir os microRNAS, moléculas que controlam como os genes expressam proteínas com atividades diferentes em distintas células e tecidos do corpo dos organismos, permitindo uma variedade de funções particularíssimas inerentes ao funcionamento de cada um.
Os microRNAS se tornaram um fator decisivo para evolução da vida mais elaborada no planeta Terra. A vida mais complexa é caracterizada pela diferenciação celular em grupos com funções diversas que cooperam com o todo.
Os microRNAS, seriam então, uma camada a mais, no controle da expressão gênica.
Assim, os microRNAS são os responsáveis por especificar e diferenciar, por exemplo, como os sinais elétricos das células nervosas se comportam de forma diferente dos sinais das células responsáveis pelo rítmo dos batimentos cardíacos, ou, como a missão de uma célula que compõe o figado é bem diferente de outra que compõe os rins ou os pulmões.
Se por um lado os microRNAS são importantíisimos para o equlíbrio e a normalidade da expressão molecular, colocando “cada um no seu quadrado”, eles também podem se constituir em um problema.
O trabalho anormal do microRNAS pode alterar o funcionamento de uma célula e provocar disfunções que podem se traduzir em doenças.
Os microRNAs são processados a partir de precursores maiores com estruturas de alça-grampo. Eles atuam principalmente ligando-se a regiões complementares em mRNAs contendo informações de determinados genes, levando ao silenciamento da tradução de alguma parte da informação transcrita no mRNA (RNA mensageiro) ou mesmo à degradação do mesmo.
Essa complexa e sofisticada camada de regulação gênica desempenha papéis essenciais em inúmeros processos biológicos, desde o desenvolvimento embrionário até a função tecidual em indivíduos adultos.
Essas biomoléculas podem ser altamente conservadas em diversas espécies animais, incluindo humanos. Essa conservação sugere porque essa classe de pequenos RNAs pode desempenhar papéis regulatórios cruciais e tão amplamente distribuídos.
Imagem da capa – Foto de Polina Tankilevitch – pexels.com – Disponível em: https://www.pexels.com/pt-br/foto/cientista-em-laboratorio-3735709/