Abelhas e flores podem compartilhar bactérias benéficas?

PUBLICIDADE


Estudos com abelhas silvestres e os vegetais que elas polinizam têm demonstrado que estes organismos, abelhas e plantas com flores, compartilham um microbioma em suas interações ecológicas.

Várias abelhas selvagens, então, além de obter alimento para a sustentação das suas colméias, entram em contato com bactérias importantes para a sua saúde em muitas flores que elas visitam.

O microbioma das abelhas constitui a comunidade de diversas populações de micro organismos diferentes que vivem na abelha ou nos ambientes que ela frequenta.

As abelhas silvestres são um grupo importantíssimo de organismos polinizadores, pois as abelhas domesticadas têm tido um grande declínio pelo fenômeno “colapso de colônia”, que tem provocado o sumiço e a mortandade de abelhas, talvez pelo uso indiscriminado de agrotóxicos nas lavouras.

Nos últimos dez anos cerca de mais de dez milhões de colméias desapareceram na américa do norte, apontam estudos.

O uso de agrotóxicos certamente atinge uma enorme gama de organismos polinizadores afetando imensamente suas populações naturais e sua ecologia, mas aparentemente tem sido mais impactante em abelhas domesticadas do que nas espécies silvestres.

As abelhas selvagens tendem a ser mais generalistas, polinizam uma grande variedade de plantas com flores, enquanto abelhas domesticadas podem ser mais específicas em relação a determinados tipos de culturas agrícolas, o que as torna mais vulneráveis.

Diante do quadro que tem afetado as abelhas domesticadas, o estudo das espécies silvestres se mostra imprescindível no entendimento de sua ecologia, para que tenhamos um plano B para a manutenção da polinização das culturas agrícolas importantes do ponto de vista da alimentação humana.

O estudo sobre a microbiota das abelhas silvestres e as flores que elas polinizam tem sido desenvolvido por Quinn McFrederick, professor assistente de entomologia na UC Riverside e co autores.

Segundo os pesquisadores desta importante universidade da Califórnia (USA) as bactérias compartilhadas entre abelhas e flores podem desempenhar um papel benéfico para as abelhas silvestres refletindo na saúde das mesmas e no ambiente das colméias.

Populações de bactérias Lactobacillus foram encontradas no microbioma destas abelhas e nas flores que fazem parte do seu forrageamento. Várias espécies de Lactobacillus são usados pela indústria para conservar inúmeros tipos de alimentos.

Isso pode significar que os Lactobacillus encontrados em suas pesquisas com abelhas silvestres possam desempenhar no interior das colméias também as mesmas atividades daqueles usados na indústria de alimentos, agindo como conservantes, preservando assim a qualidade e as condições naturais de pólen e néctar para a alimentação das larvas, a fase juvenil das abelhas.

Essa atividade dos “parceiros” microbiológicos das abelhas silvestres pode ser apenas um dos muitos papéis significativos desempenhados por micro organismos na economia das muitas interações biológicas possíveis entre flores e polinizadores.

Bibliografia

Universidade da Califórnia – Riverside. “Flowers critical link to bacteria transmission in wild bees: Research shows for the first time that multiple flower and wild bee species share several of the same types of bacteria.” ScienceDaily. ScienceDaily, 6 September 2016

Acesso em: www.sciencedaily.com/releases/2016/09/160906145608.htm.

ONDE PESQUISAMOS – Clique e saiba. Todos os direitos reservados – © Copyright 2015/2017 – Biota do Futuro.

* O conteúdo do site é produzido a partir de fatos concretos e de conhecimento baseado em evidências. Novas informações e ou avanços da ciência podem ensejar atualizações e aprimoramentos. Encontrou algum equívoco? Reporte-nos! *
Foto de Jefferson Alvarenga

Jefferson Alvarenga

Jefferson Alvarenga é criador e editor do Site Biota do Futuro. Biólogo, Pós Graduado em Gestão da Saúde Ambiental e em Imunologia e Microbiologia. Apaixonado por educação, pesquisa e por divulgação científica.

Como citar este conteúdo: ALVARENGA, Jefferson. Abelhas e flores podem compartilhar bactérias benéficas?. Biota do Futuro. Betim, 31 de janeiro de 2017. Disponível em: https://www.biotadofuturo.com.br/abelhas-e-flores-podem-compartilhar-bacterias-beneficas/. Acesso em 05/12/2025 às 07:22 h.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

News Letter

Inscreva-se e receba nossas atualizações

    Pelo direito de nascer, vida SIM, aborto NÃO!
    23 nov

    Pelo direito de nascer, vida SIM, aborto NÃO!

    O site Biota do Futuro preza pela vida. Defender a

    Pampa tem a maior perda de vegetação dos últimos 40 anos, diz MapBiomas 
    10 out

    Pampa tem a maior perda de vegetação dos últimos 40 anos, diz MapBiomas 

    O avanço exploratório sobre o Pampa, afetou principalmente a vegetação de campos nativos

    Cavernas do Brasil serão mapeadas para preservar a memória arqueológica e paleobiológica do país
    16 set

    Cavernas do Brasil serão mapeadas para preservar a memória arqueológica e paleobiológica do país

    O território brasileiro abriga cavernas com altíssimo valor arqueológico, cultural e científico

    Onças-pintadas do Pantanal são as maiores do Brasil, saiba por que
    24 nov

    Onças-pintadas do Pantanal são as maiores do Brasil, saiba por que

    As onças-pintadas são animais incríveis, predadores de topo da cadeia alimentar com uma estupenda capacidade de se camuflar na natureza

    Camuflagem e predação
    05 ago

    Camuflagem e predação

    Hoje trazemos para vocês um caso curioso de camuflagem. O

    População de rua no Brasil cresceu 25% em um período de 1 ano diz Observatório do 3º Setor
    27 abr

    População de rua no Brasil cresceu 25% em um período de 1 ano diz Observatório do 3º Setor

    A situação de vulnerabilidade humana tem se agravado seriamente nos

    Desmatamento na Amazônia voltou a crescer em janeiro de 2025, diz Imazon
    27 fev

    Desmatamento na Amazônia voltou a crescer em janeiro de 2025, diz Imazon

    O desmatamento na amazônia legal brasileira voltou a crescer assustadoramente