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domingo, 5 maio 2024

A Classe dos Répteis

Os répteis habitam a Terra desde o Carbonífero, passando pelo Permiano último Período da Era Paleozóica, quando surgiram os primeiros amniotas diapsidas precursores dos dinossauros, até os tempos recentes, tendo tido o seu apogeu em abundância de espécies e número de indivíduos no Período Jurássico da Era Mesozóica.

A pele dos répteis em sua maioria é cornificada, sem glândulas com poucas exceções, mais resistente à perda de água, geralmente com escamas ou placas dérmicas, com maior proteção contra o atrito, adaptada à vida em ambientes secos, embora possua regiões finas entre as escamas que permitem uma certa flexibilidade.

São tetrápodos, com cinco dedos em cada pata com garras ou apresentam membros reduzidos ou os mesmos são ausentes em vários representantes da Ordem Squamata que engloba os lagartos e as cobras. Membros vestigiais em alguns.

São ectotérmicos, ou seja, a temperatura dos seus corpos é variável com o ambiente, pois eles não possuem nenhum tipo de mecanismo termo regulador da temperatura. Com isso as atividades são realizadas em uma amplitude térmica que pode ser larga ou estreita conforme o caso, aumentando sua capacidade de explorar os diversos locais de seus habitats.

A fecundação é interna, na maioria dos casos através de órgãos copuladores. O embrião se desenvolve em ovos grandes com cascas calcárias. Em sua maioria são OVÍPAROS, isto é a fêmea solta ou põe os ovos. Alguns são OVOVIVÍPAROS, ou seja, os ovos são retidos pela fêmea em seus ovidutos, local em que se desenvolvem até poucos dias antes da eclosão. O desenvolvimento dos répteis é direto, sem metamorfose.

Durante o desenvolvimento embrionário apresentam envoltórios constituídos de âmnio, cório, saco vitelino e alantóide. Apresentam segmentação meroblástica, ou seja, apenas parte do ovo se divide. O ovo protege o embrião contra dessecação e choques físicos. O alantóide e o cório servem para a respiração.

A reprodução partenogenética, que é aquela em que um novo indivíduo se desenvolve a partir de um ovo não fecundado, ocorre em alguns lagartos do gênero Lacerta existentes no Cáucaso, e do gênero Cnemidophorus dos EUA e México.

O esqueleto dos répteis é completamente ósseo e o crânio possui um côndilo occipital.

A circulação é fechada com o coração dividido em quatro câmaras com 2 aurículas e um ventrículo incompletamente dividido, exceto nos crocodilianos onde o coração possui as quatro câmaras totalmente separadas. Nos crocodilianos o coração possui também um SEIO VENOSO por onde o sangue das veias entra. O sangue é composto por glóbulos vermelhos, nucleados, biconvexos e ovais. Um par de arcos aórticos presente.

A respiração é pulmonar. Algumas tartarugas apresentam respiração faríngea. Respiração cloacal cogitada por alguns autores.

Sistema nervoso com doze pares de nervos cranianos. Rins metanéfricos, com excreção nitrogenada, principalmente ácido úrico.

A língua dos répteis é um órgão de transporte de informações químicas do ambiente através dos órgãos de Jacobson.

Os répteis foram os primeiros vertebrados a adaptar- se à vida em ambientes secos nos variados ecossistemas terrestres.

Répteis peçonhentos além das cobras somente ocorre em duas espécies do Gênero Heloderma.

Os répteis podem habitar uma ampla gama de habitats e ecossistemas terrestres, de água doce ou marinhos, nos trópicos e em regiões temperadas e quentes, sendo que sua ocorrência declina abruptamente em direção aos pólos e locais de altitudes elevadas.

Atualmente apenas quatro da 16 ordens que dominaram o Mesozóico persistem compondo três Subclasses.

A Subclasse dos ANAPSIDAS possuem o teto do crânio sólido sem abertura atrás do olho. Engloba a Ordem dos Quelônios compreendendo as tartarugas, os cágados e os jabutis.

A Subclasse LEPDOSSAURIA, é constituída pelos descendentes dos DIAPISIDAS PRIMITIVOS, caracterizados por possuírem o teto do crânio com duas aberturas atrás do olho separadas por uma barra formada pelo pós orbital e pelo esquamosal.

Nessa Subclasse está incluída a Ordem Rhynchocephalia cujo único representante vivente é a espécie Sphenedon punctatum, mais conhecida como “Tuatara”, uma forma de lagarto primitivo que apresenta escamas granulosas, espinhos dorsais baixos, abertura anal transversal, sem órgão copulador entre outras características ancestrais e de ocorrência restrita à Nova Zelândia.

Os Lepidossauros incluem também a Ordem Squamata que compreende as cobras, os lagartos e as lagartixas e também as iguanas, os camaleões, os teiús.

Réptil. Foto: pixabay.com

Nessa Ordem existem criaturas curiosas como as cobras de duas cabeças da Família Amphisbaenidae, Subordem Amphisbaenia, que apresentam pernas e cinturas vestigiais ou sua ausência, cauda curta, rombuda, pele mole, olhos e abertura dos ouvidos ocultos. Possuem hábitos subterrâneos. Algumas possuem somente as pernas anteriores, cada uma com cinco dedos nas patas.

Outra curiosidade são os lagartos da família Pygopodidae, da Subordem Sauria com o corpo semelhante a uma cobra apresentando pernas posteriores pequenas na forma de dobras achatadas da pele e cauda longa, presentes na Austrália, Tasmânia e Nova Guiné.

A Subordem Ophídia é composta pelas serpentes de diversas famílias gêneros e espécies.

A Família Boidae, inclui as pítons , as sucuris, as jibóias e outras. As espécies dessa família apresentam cintura pélvica e pernas posteriores vestigiais. São serpentes caçadoras, que matam por constrição e estrangulamento e habitam os trópicos em regiões úmidas, alagadas, próximas a cursos d´água, frequentando também as copas das árvores.

A Família Colubridae é a das cobras comuns, apresentando mandíbula com dentes, mas sem presas, exceto em algumas, portanto sem capacidade de inocular veneno. Esta família inclui a maioria das cobras vivas.

A Família Elapidae integra as cobras corais verdadeiras do Gênero Micrurus, e as cobras najas, espécie Naja naja. As Elapidade apresentam dentição proteóglifa com dentes curtos, fixos, não sulcados, os dentes inoculadores de veneno na parte anterior da maxila.

A cobra coral tem cabeça e olhos pequenos, pupila elíptica ou arredondada, sem fossetas entre as narinas e os olhos, com o padrão característico de anéis coloridos, embora outras padronagens também existam e a cauda redonda e afilada na extremidade distal.

A Família Crotalinae constituem as cobras que apresentam duas fossetas em cada lado entre as narinas e os olhos, por isso denominadas cobras de quatro ventas. Algumas possuem guizo na extremidade da cauda.

Nesta Família estão os gêneros Crotalus (cascavéis), Bothrops (caiçaras) e Lachesis (surucucu). Todas são altamente venenosas.

A forma de inocular o veneno depende da posição das presas. O veneno é um complexo de proteínas com vários efeitos fisiológicos provocado por características toxicológicas diferentes.

Ver sobre a DENTIÇÃO da cobras clicando AQUI. Ver sobre os tipos de veneno das serpentes clicando AQUI.

As cobras peçonhentas não ocorrem em Madagáscar e nem na Nova Zelândia.

Existem cobras marinhas peçonhentas e de grande perigo para os seres humanos. Elas são da Família Hydrophiidae. As presas destas cobras são como as das Elapidae. Possuem cauda adaptadas para a natação e são vivíparas, ou seja são animais em que o desenvolvimento embrionário e fetal ocorre de maneira integral retido no corpo da fêmea. Alimentam-se de pequenos peixes e habitam os mares tropicais principalmente ao longo das costas do pacífico, do México até o norte da América do Sul.

Os crocodilos, os jacarés, os gaviais e os aligators compõem a Ordem Crocodilia da Sub Classe Archosauria. São animais de corpo longo, cabeça grande e também alongada, mandíbulas poderosas com dentes cônicos. As pernas são curtas, dedos com garras e membranas interdigitais. Costelas presas no externo, pele grossa, com placas córneas, reforçada com placas dérmicas ósseas. Língua não protátil.

Diferentemente dos demais répteis, os crocodilianos possuem coração com 4 câmaras, duas aurículas e dois ventrículos COMPLETAMENTE separados. Não apresentam bexiga e são ovíparos, colocando seus ovos em ninhos feitos de vegetação em decomposição. A cauda é compacta e bastante longa.

Existem duas espécies de crocodilos, os Crocodylus acutus com focinho estreito da América do Norte, Central até Região Amazônica especialmente no Equador e Colômbia, e os C. niloticus de ocorrência na áfrica. Os gaviais ocorrem na índia, os jacarés na America do Sul particularmente no Brasil e os aligators existem na América do Norte.

Por fim, um dos grupos de répteis mais notáveis que já viveram na Terra são os dinossauros e outros grupos fósseis correlatos que tiveram seu apogeu durante o Mesozóico, com o seu clímax ocorrendo no Período Jurássico. Eles foram dizimados na grande extinção ocorrida no Cretáceo Superior há 65 milhões de anos atrás. São classificados também na Sub Classe Archosauria com diversas Ordens e Sub Ordens.

Jefferson Alvarenga é Biólogo, Pós Graduado em Gestão da Saúde Ambiental.

Bibliografia

STORER, TRACI  I. et al. Zoologia Geral. 6ª ed. São Paulo. Companhia Editora Nacional, 2007. 816 p.

 

Jefferson Alvarenga

Jefferson Alvarenga

Jefferson Alvarenga é criador e editor do Site Biota do Futuro. Biólogo, Pós Graduado em Gestão da Saúde Ambiental e em Imunologia e Microbiologia. Apaixonado por educação, pesquisa e por divulgação científica.
Como citar este conteúdo: ALVARENGA, Jefferson. A Classe dos Répteis. Biota do Futuro [S.I]. Betim, Minas Gerais, 18 de fevereiro de 2019. Notícias. Disponível em https://www.biotadofuturo.com.br/a-classe-dos-repteis/. Acesso em: 05/05/2024.

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