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Vida sob ameaça: os grandes eventos de extinção da história do nosso planeta

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O registro fóssil nos conta sobre evidências de vida antiga absolutamente exuberante em diferentes ambientes e momentos da história do nosso planeta.

No começo a vida enfrentou desafios que nunca foram pequenos e que perduram desde sempre. Vida e morte são fenômenos incrivelmente associados. Dois lados de uma mesma moeda.

Desde as primeiras interações dos elementos químicos, até a formação de moléculas complexas, a obtenção de um envoltório protetor e regulador, passando pela perspectiva de se auto replicar, a existência autônoma, as primeiras células, os primeiros seres uniceleulares, a vida realizou um grande percurso.

A vida progrediu conforme as condições ambientais favoreciam os avanços em suas estruturas, células com funções específicas formando tecidos, estes os órgãos e por fim os intrincados sistemas dos organismos superiores. Mas a vida também tem atuado e modificado os ambientes desde o seu surgimento.

Entalpia e entropia, anabolismo e catabolismo, ordem e desordem, construção e destruição atuam perpetuamente. A energia realiza trabalho! Parte da energia é dissipada. Caos e equilíbrio em constante atividade.

Os vestígios antigos nos informam que em vários momentos houve uma explosão de vida, como a explosão cambriana, a primeira, há 540 milhões de anos atrás. Mas também aconteceram ocasionalmente desaparecimentos em massa de inúmeras espécies, ou seja, extinção.

Período Cretáceo – Paleoarte de Sergey Krasovskiy

Aproximadamente 98% dos organismos que já habitaram o globo desde o surgimento da vida já não existem nos dias atuais.

“Um evento de extinção em massa acontece quando as espécies desaparecem muito mais rápido do que são substituídas” – aponta o Museu de História Natural de Londres.

“Isso geralmente ocorre se cerca de 75% das espécies do mundo são perdidas em um ‘curto’ período de tempo geológico — menos de 2,8 milhões de anos” – São eventos de grande extensão em escala global.

Ao longo da história geológica da Terra aconteceram 5 grandes extinções em massa, documentadas no registro fóssil. Todas elas antes de nós mesmos aparecermos na sua superfície. Foram eventos que levaram à perda significativa da biodiversidade em momentos críticos da nossa história geológica.

A primeira grande extinção marcou o final do período Ordoviciano. Foi há cerca de 440 milhões de anos atrás. A vida florescia abundante. A maior parte das formas de vida então existentes eram essencialmente aquáticas. Tinham surgido as primeiras plantas terrestres. Houve uma grave diminuição do gás carbônico na atmosfera. O supercontinente Gondwna se moveu mais para o pólo sul. Aproximadamente 85% das espécies marinhas se perderam, possivelmente por conta de uma queda drástica de temperatura que ocasionou uma intensa glaciação. O nível dos oceanos foi reduzido enormemente, o que afetou os ecossistemas marinhos de forma catatrófica.

A segunda extinção teve como causa graves mudanças no ciclo do carbono, 75% das espécies pereceram para sempre, há aproximadamente de 370 milhões de anos atrás, no final do período Devoniano. Peixes primitivos povoavam os mares. Tinham surgido os tetrápodes e os insetos. As plantas terrestres prosperaram abundantes. Algumas teorias apontam que na época dessa extinção, houve intensos aquecimentos e resfriamentos globais sucessivos, importantes alterações no nível dos oceanos e significativas alterações no ciclo de nutrientes dos ecossistemas aquáticos. Houve também hipóxia, ou seja, queda mortal dos níveis de oxigênio nos oceanos.

A terceira extinção, ocorreu no final do Período Permiano, provavelmente devido a intensas atividades vulcânicas. Houve uma enorme movimentação dos continentes, com a formação de Pangeia. As plantas se diversificavam e vários grupos de répteis surgiram. Severas mudanças climáticas foram desencadeadas há 250 milhões de anos atrás. Em torno de mais de 95% das espécies terrestres e 70% das espécies marinhas foram dizimadas. Aquecimento global extremo, acidificação dos oceanos e hipóxia, afetaram a sustentação da vida em todos os ecossistemas. Esta extinção ficou conhecida como “A Grande Morte”. Foi a pior de todas as hecatombes por que a vida já passou.

No Período Triássico as gimnospermas dominavam as paisagens. Surgiram os primeiros mamíferos. No final do triássico, os mesmos eventos de vulcanismo em grande escala, associados a mundaças climáticas deflagrados pela fragmentação do supercontinente Pangéia, proporcionaram a quarta extinção, onde 80% de todas as espécies desapareceram há 200 milhões de anos. Essa extinção teria aberto o caminho para o domínio dos dinossauros.

A quinta extinção, a do Cretáceo – Terciário é a mais famosa, por ter provocado o desaparecimento de todos dinossauros não avianos, através do impacto de um asteróide há 65 milhões de anos na Península de Yucatán, no México. O asteróide ativou mudanças ambientais que acabaram com os enormes répteis de forma gradual, mas definitiva. Foram encontrados na região de Yucatán, depósitos de um elemento raro na Terra, o irídio, que é comum em meteoritos. Esse elemento além da enorme cratera que data da época da catástrofe, são algumas das evidências desse acontecimento.

De lá para cá muita coisa aconteceu. A humanidade surgiu no planeta. Evoluimos e nos dispersamos em tempo recorde. Transformamos o planeta, modificando quase todos os ambientes como nenhuma outra espécie jamais foi capaz de fazer.

Possivelmente contribuímos para a extinção dos Neandertais, os hominídeos que viveram na europa em tempos primevos, e que foram em algum momento, nossos contemporâneos.

Atualmente os seres humanos estão presentes em praticamente todos os ambientes da Terra. Já viajamos pelo espaço. Alcançamos a lua. Chegamos em outros mundos através de nossas naves e equipamentos robóticos.

Obtivemos uma foto do nosso mundo a partir da órbita de Saturno através das sondas Voyager e Cassini. Vislumbramos o quanto nosso planeta e nós mesmos somos tão infimamente pequenos.

Segundo Car Sagan, a Terra fotografada pela Voyager, apareceu na imagem obtida, apenas como um “Pálido Ponto Azul” na imensidão do espaço.

Após a revolução industrial intensificamos sobremaneira nossas atividades no mundo em que vivemos e as pressões sobre os sistemas naturais. Podemos estar vivendo um novo período na histária da Terra, o Antropoceno.

Cientistas acreditam que estamos vivendo a sexta extinção em massa, causada principalmente através do desmatamento e poluição que podem estar provocando, mudanças climáticas, agora de origem antropogênica. Inúmeras espécies que nem foram descobertas ainda podem estar sendo extintas agora mesmo.

A taxa de extinção “normal” da Terra é frequentemente considerada entre 0,1 e 1 espécie por 10.000 espécies em um período de 100 anos.

Esta taxa estaria entre 100 e 1000 vezes mais acelerada desde o surgimento dos hominídeos. É preciso toda a humanidade buscar soluções antes que o ponto de inflexão, um ponto de não retorno, seja alcançado.

Como seres superiores temos o dever de cuidar do mundo que habitamos e também de todos os demais organismos que têm a Terra como lar.

Entretanto, nossa responsabilidade sobre o que fazemos com o Pálido Ponto Azul, envolve nossa própria sobrevivência e a sobrevivência das futuras gerações da nossa espécie. É antes de tudo, sobre se seremos capazes de nos salvar de nós mesmos.

Recetemente, cientistas das Universidades da Califórnia e da Virgínia, USA, postularam em estudo publicado na Revista PNAS, principal periódico revisado por pares da Academia Nacional de Ciências, uma possível grande extinção ancestral à primeira.

Essa grande extinção do Período Ediacarano, teria ocorrido há 550 Milhões de anos atrás, com perda de 80% das espécies então existentes. O motivo, baixos níveis de oxigênio nos oceanos. Esse evento requer mais estudos para obter o consenso da comunidade científica.

Imagem da capa – Extinção dos dinossauros – Ilustração – Por pixabay.com. disponível em: https://pixabay.com/illustrations/dinosaur-meteor-a-hit-apocalypse-5277285/

Imagem da texto – Período Cretáceo – Paleoarte de Sergey Krasovskiy – Reprodução – Disponível em: https://igeologico.com.br/extincoes-em-massa-os-agentes-que-dizimam-a-vida-na-terra/

* O conteúdo do site é produzido a partir de fatos concretos e de conhecimento baseado em evidências. Novas informações e ou avanços da ciência podem ensejar atualizações e aprimoramentos. Encontrou algum equívoco? Reporte-nos! *


Foto de Jefferson Alvarenga

Jefferson Alvarenga

Jefferson Alvarenga é criador e editor do Site Biota do Futuro. Biólogo, Pós Graduado em Gestão da Saúde Ambiental e em Imunologia e Microbiologia. Apaixonado por educação, pesquisa e por divulgação científica.

Como citar este conteúdo: ALVARENGA, Jefferson. Vida sob ameaça: os grandes eventos de extinção da história do nosso planeta. Biota do Futuro. Betim, 16 de abril de 2025. Disponível em: https://www.biotadofuturo.com.br/vida-sob-ameaca-os-grandes-eventos-de-extincao-da-historia-do-nosso-planeta/. Acesso em 16/06/2025 às 10:48 h.

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