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Por que não existem raças humanas? A ciência explica

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O conceito de raça não é científico. Não para os humanos e nem para os demais organismos da natureza em geral. Uma excessão são alguns animais, os de estimação.

Entre os animais domesticados o termo raça é usado para distinguir diversos grupos de uma mesma espécie que foram modificados por reprodução seletiva de forma a realçar determinadas característica físicas ou comportamentais que fossem interessantes.

As diferenças observadas nas caraterísticas morfológicas externas dos diversos grupos humanos são evidências da diversidade adquirida ao longo de muitos milhares de anos. Geneticamente todos nós na verdade somos bem parecidos.

Somos todos humanos, da família Hominidae, gênero Homo, espécie H, sapiens.

Espécie é a unidade básica da classificação dos seres vivos. O conceito de espécie é dado como um grupo de indivíduos capazes de se reproduzir entre si e gerar descendentes férteis.

O genoma é o conjunto completo de material genético (DNA) que contém todas as informações necessárias para o desenvolvimento, funcionamento e reprodução dos organismos de uma espécie. Cada espécie possui um genoma único que a diferencia de outras espécies.

O genótipo é a herança genética de um indivíduo em particular, o conjunto de genes que o caracteriza dentro uma espécie.

O fenótipo refere-se às expressões observáveis de um genótipo. A cor dos olhos, a estatura, o formato do nariz, o tipo de cabelo, a predisposição a doenças.

A variabilidade é uma resposta às recombinações gênicas, às mutações e à diversidade de condições ecológicas ao longo da evolução humana. É a origem das diferenças entre os indivíduos da mesma espécie.

Assim, a noção da humanidade como uma grande família altamente diversificada, isso sim é ciência.

A diversidade é parte de uma herança compartilhada e contínua refletindo migrações e interações históricas entre grupos ao longo do tempo.

Ela é vital para a resiliência, adaptação e sobrevivência da nossa espécie.

É importante notar que 99,9% do DNA de todos os seres humanos é idêntico. Isso evidencia uma base comum na evolução da nossa espécie. Além do mais, todos os humanos são provenientes de ancestrais, cuja origem comum é o continente africano.

Ressalta-se ainda, que, cerca de 85% da variabilidade genética da humanidade é encontrada dentro de grupos com caracteres mais parecidos.

A singularidade biológica de cada indivíduo de qualquer grupamento humano indica que as diferenças dentro dos grupos são mais significativas do que entre eles.

A análise da herança genética dos indivíduos indica que o número de genes que se distinguem uns dos outros é muito pequena, estando as diferenças geralmenete mais ligadas à adaptação ao ambiente do que a diferenças que possam indicar uma classificação em raças distintas.

Segundo estudos mais recentes, a cor da pele tem pouca relevância biológica. Especificamente no Brasil cada indiíduo em particular carrega uma ancestralidade única de ameríndios, europeus e africanos. Somos uma mistura de povos fenotipicamete diferentes e culturalmente diversos.

Ainda segundo os pesquisadores, a percepção da cor aparente das pessoas apresenta fraca relação de ancestralidade africana.

É necessário desligar o contexto da ciência do cenário histórico que produziu o conceito de raça que deve ser analisado apenas como fenômeno social e não biológico.

Assim a ciência contribui enormemente como ferramenta de combate ao racismo na medida em que abala e desmonta qualquer narrativa de discriminação, preconceito e exploração, em função das diferenças, porque o conceito de raça não se fundamenta biologicamente.

A ciência não pode ser distorcida e usada para justificar preconceito ou discriminação. A humanidade carrega uma grande homogeneidade genética. Isso é fato.

As diversas características humanas são o resultado de processos evolutivos complexos e não de uma seleção intencional.

Diferenças fenotípicas, ou seja, caracteres externos distintos, foram moldadas em resposta a variáveis ambientais.

Bibliografia

LIMA, Eduardo. Entrevista: entenda por que não existem raças humanas. Revista Super Interessante [S.I]. São Paulo, Setembro de 2024. Disponível em: https://super.abril.com.br/ciencia/entrevista-entenda-por-que-nao-existem-racas-humanas. Acesso em 23/02/2025 às 14:00

SPINELLI, Kelly Cristina. Raças humanas não existem como entidades biológicas, diz geneticista. Tilt – UOL [S.I]. São Paulo, Fevereiro de 2013. Disponível em: https://www.uol.com.br/tilt/ultimas-noticias/redacao/2013/02/05/racas-humanas-nao-existem-como-entidades-biologicas-diz-geneticista.htm. Acesso em 24/02/2025 às 17:25 h.

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Jefferson Alvarenga

Jefferson Alvarenga é criador e editor do Site Biota do Futuro. Biólogo, Pós Graduado em Gestão da Saúde Ambiental e em Imunologia e Microbiologia. Apaixonado por educação, pesquisa e por divulgação científica.

Como citar este conteúdo: ALVARENGA, Jefferson. Por que não existem raças humanas? A ciência explica. Biota do Futuro. Betim, 24 de fevereiro de 2025. Disponível em: https://www.biotadofuturo.com.br/por-que-nao-existem-racas-humanas-a-ciencia-explica/. Acesso em 16/06/2025 às 16:13 h.

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