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O que é carbono azul?

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Carbono azul é o termo utilizado para descrever o CO2 capturado pelas atividades biológicas fotossintetizantes dos ambientes costeiros e marinhos em todo o mundo. Especificamente a atividade de vegetais de mangue, algas marinhas e bactérias fototróficas dos oceanos.

Estes ecossistemas de estuários absorvem e armazenam o CO2 em estoques naturais, nas estruturas dos organismos vivos que compõem a sua biota. Os estuários também ajudam a filtrar poluentes da água e a proteger as áreas costeiras da erosão.

Assim o CO2 fica retido por mais tempo devido às condições ecológicas (baixos niveis de oxigênio) que impedem a rápida degradação da biomassa e a liberação do CO2 após a morte dos mesmos.

Nesse contexto, os manguezais desempenham um importantíssimo papel, ao absorver e estocar grandes quantidades de carbono, mantendo-o assim por longos períodos, sem ser devolvido para a atmosfera.

A preservação dos manguezais ajuda reduzir a quantidade de CO2 na atmosfera mitigando os impactos das alterações climáticas; protege a biodiversidade dos ambientes costeiros e; presta impostantes serviços ecossistêmicos essenciais para as comunidades em sua proximidade.

Os manguezais abrigam uma enorme variedade de espécies funcionando como áreas de reprodução, alimentação e crescimento para peixes, crustáceos, aves e mamíferos marinhos.

O Brasil tem 1.390.664 hectares de manguezais ao longo da sua costa marítima. A segunda maior área de manguezais do planeta, a Indonèsia é a primeira. A costa amazônica possui a maior faixa contínua de manguezais do mundo. Para garantir a manutenção desses estoques de carbono fora da atmosfera é preciso cuidar dos manguezais.

Em um mercado de economia de baixo carbono, a preservação dos ambientes costeiros de mangue no Basil, poderia gerar em torno de mais de 35 a 48 bilhões em créditos com podencial para chegar a mais de 770 bilhões e até 1,067 trilhão de reais.

Vegetação de mangue – Foto de Kristel Escurzon – Por pexels.com

O crédito de carbono é um mecanismo que permite que países e empresas com altas emissões, possam compensar, investindo em projetos e ações que reduzam ou capturem gases do efeito estufa em países com esse potencial.

A descarbonização da economia se torna uma ferramenta fundamental, em função da contribuição e dos efeitos que a diminuição desses gases possam ter na mitigação das mudanças climáticas.

Acredita-se que a partir da Revolução Industrial as emissões de origem antropogênica, ou seja, aquelas provenientes da ação das atividades humanas no planeta, possam ter papel significativo nas alterações das temperaturas globais, no regime de chuvas, no aquecimento e acidificação dos oceanos, no derretimento das geleiras e calotas polares com impactos que podem ser severos, influenciando negativamente toda capacidade de sustentação da vida do Sistema Terra.

É certo que outros fatores e fenômenos naturais, em nível planetário e cósmico, a maioria cíclicos, alguns entretanto, podendo ser eventos repentinos, sempre tiveram papel importante no clima da Terra, mesmo em momentos antes do surgimeto de nossa espécie no planeta.

Mas o aumento e a acumulação de gases na atmosfera, no âmbito das atividades humanas, é postulado por muitos, como fator que pode incrementar alterações climáticas significativas no planeta, motivo que justificaria a preocupação com a redução desses possíveis impactos, a partir de esforços em nível global por parte humanidade.

Cada crédito equivale a uma tonelada de CO2 que deixou de ser emitida ou foi absorvida da atmosfera e mantido em estoques pelos sistemas terrestres e marinhos.

O sequestro do carbono e a manutenção de uma parcela do seu conteúdo total armazenado fora da atmosfera, permitiria o equilíbrio do clima, até certo ponto, minimizando os efeitos das possíveis alterações do mesmo.

O Brasil já pode ter perdido cerca de 25% da área original de seus manguezais, segundo algumas estimativas. As ameaças a esses ecosssistemas são diversas. É preciso atitudes efetivas para salvá-los e também a todos os demais ambientes naturais da Terra. Mas talvez o maior desafio da humanidade seja o de salvar-se de sí mesma.

Você pode saber mais sobre esse assunto em OCEANOS SEM MISTÉRIOS CARBONO AZUL, RESSOA OCEANO, GUARDIÕES DO MAR e PLATAFORMA CAZUL.

Além disso é bom ressaltar que os manguezais são considerados berçários da vida marinha. Esses ambientes são capazes de estocar de 3 a 5 vezes mais carbono do que outras vegetações terrestres, e podem manter o carbono retido por dezenas, centenas e até por milhares de anos.

Bibliografia

Fundação Boticário. Manguezais brasileiros armazenam 1,9 bilhão de toneladas de CO2 com potencial de gerar R$ 48 bilhões em créditos de carbono. Fundação Grupo Boticário – notícias [S.I]. Curitiba, Paraná. Disponível em: https://fundacaogrupoboticario.org.br/manguezais-brasileiros-armazenam-19-bilhao-de-toneladas-de-co2-com-potencial-de-gerar-r-48-bilhoes-em-creditos-de-carbono/. Acesso em 07/03/2025 ás 13:00 h.

Um Oceano. Manguezal é ‘rei do carbono azul’. BLogs Unicamp [S.I]. Campinas, SP. Disponível em: https://www.blogs.unicamp.br/umoceano/2024/11/01/manguezal-e-rei-do-carbono-azul/. Acesso em 07/03/2025 ás 13:55 h.

MENDES, Júlia. Berçários da biodiversidade, manguezais também são grandes retentores de carbono. O Eco [S.I]. Brasil, Outubro de 2024. Disponível em: https://oeco.org.br/reportagens/bercarios-da-biodiversidade-manguezais-tambem-sao-grandes-retentores-de-carbono/. Acesso em 09/03/2025 ás 08:55 h.

Imagem da capa – Vegetação de mague – Foto de Kristel Escurzon – Por pexels.com. Disponível em: https://www.pexels.com/pt-br/foto/arvores-lago-lagoa-exposicao-longa-13217521/

 

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Foto de Jefferson Alvarenga

Jefferson Alvarenga

Jefferson Alvarenga é criador e editor do Site Biota do Futuro. Biólogo, Pós Graduado em Gestão da Saúde Ambiental e em Imunologia e Microbiologia. Apaixonado por educação, pesquisa e por divulgação científica.

Como citar este conteúdo: ALVARENGA, Jefferson. O que é carbono azul?. Biota do Futuro. Betim, 8 de março de 2025. Disponível em: https://www.biotadofuturo.com.br/o-que-e-carbono-azul/. Acesso em 16/06/2025 às 17:36 h.

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