A Linha de Wallace é um limite biogeográfico, uma barreira natural, que separa duas faunas distintas, a fauna asiática e a fauna australiana.
A Linha passa pelo Estreito de Lombok, entre as ilhas indonésias de Bali e Lombok, uma faixa oceânica de 35 km de largura ao sul e se estende para o norte pelo Estreito de Makassar, entre Bornéu e Sulawesi com uma faixa de 120 km de largura.
Essa linha limita duas fronteiras zoogeofráficas. Em cada lado as espécies evoluíram separadamente sem nenhum contato, marcando uma transição abrupta.
Ela foi proposta pelo naturalista britânico Alfred Russel Wallace, em 1863, no século XIX.
Wallace notou uma diferença marcante na distribuição das espécies biológicas entre a Ásia e a Oceania, nessa região do planeta, mesmo com as várias ilhas de um lado e de outro da linha divisória estando separadas por poucos quilômetros de distância uma da outra.
Mas isso tem uma explicação. Em um passado remoto, o movimento das placas tectônicas ocasionou a deriva continental, responsável pelo movimento de diversas massas de terra do planeta.
Cada uma das placas continentais de um lado e de outro da Linha de Wallace já estiveram bem distantes. A deriva continental as aproximou mais recentemente no tempo geológico.
Existe um canal muito profundo, uma fenda, que separa cada lado da Linha de Wallace.
As ilhas a oeste da Linha de Wallace (como Sumatra, Java e Bornéu) estiveram conectadas à massa terrestre da Ásia continental durante períodos de nível do mar mais baixo. Isso permitiu que espécies típicas da fauna asiática (como tigres, elefantes e rinocerontes) se dispersassem por essas ilhas.
Já as ilhas a leste da Linha de Wallace (como Sulawesi, Nova Guiné e Austrália) têm uma história geológica diferente, estando conectadas ou muito próximas à massa continental da Austrália. Isso resultou na predominância de espécies australianas, como marsupiais (cangurus, coalas) e aves como cacatuas.
Apesar da pequena distância que separa algumas dessas ilhas, o mar profundo ao longo da linha que liga o Estreito de Lombok e o Estreito de Makassar atuou como uma barreira eficaz, mesmo durante as glaciações, quando o nível do mar estava mais baixo.
Isso impediu a migração de muitas espécies terrestres entre os dois lados da linha, levando a um isolamento evolutivo e à formação de biotas distintas de cada lado, o que permanece até os dias atuais.
Um estudo publicado na Revista Science em 2023 postula também que diferenças climáticas relevantes moldaram a evolução faunística peculiar em cada um dos lados da Linha de Wallace.