Fóssil de anfíbio gigante mais antigo que os dinossauros é encontrado no Rio Grande do Sul

O crânio fossilizado de uma nova espécie de anfíbio gigante foi encontrado numa fazenda da área rural no município de Rosário Central, RS, Brasil, por pesquisadores do Laboratório de Paleobiologia do Campus São Gabriel da Universidade Federal do Pampa (Unipampa).

No início do período Triássico, antes mesmo dos primeiros dinossauros, os anfíbios eram os animais dominantes nos ecossistemas. E foi em rochas desse periodo que a nova espécie foi encontrada, um animal que possivelmente viveu há 250 milhões de anos.

A nova espécie recebeu o nome de Kwatisuchus rosai. O animal tinha a cabeça com um focinho comprido como os crocodilos atuais e Kwati na língua dos índios Tupis se refere a essa característica. O epiteto específico rosai, homenageia o paleontólogo Átila Stock Da-Rosa, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), pioneiro na localização de sítios fossilíferos onde o fóssil foi encontrado.

O Kwatisuchus viveu em um ambiente que passou pela maior extinção em massa da história do planeta, que marcou o fim do Periodo Permiano e o início do Triassico, ocorrida há 252 milhões de anos atrás. Eram animais adaptados a condições de alto estresse ambiental. Esses anfíbios do grupo dos temnospôndilos, se tornaram o mais diversos dentre os tetrápodes primitivos em todo o planeta.

Eles eram carnívoros, abundantes em ambientes aquáticos, mas também com representantes terrestres. Podiam chegar até 5 metros de comprimento. Entretanto, o fóssil encontrado, embora considerado grande em relação aos anfíbios atuais, tinha um tamanho estimado de 1,5 metros, portanto de médio porte para os padrões da época em que viveu.

Anfíbio gigante Kwatisuchus rosai – Arte: Márcio Castro

O crânio do anfíbio foi encontrado em agosto de 2022. Os parentes mais próximos de Kwatisuchus são todos encontrados na Rússia. Segundo os pesquisadores, isso mostra evidências de que a fauna do Brasil e da Rússia possam ter tido uma desconcertante conexão em eras remotas, quando os continentes atuais formavam um único continente conhecido como Pangeia.

Crãnio Fóssilizado de Kwatisuchus rosai – Foto Felipe Pinheiro

Naquela época as distâncias eram menores entre os dois territórios, ainda assim existiam barreiras. Entender as similaridades entre as espécies, ensejará novas pesquisas que possam trazer luz a essas possíveis e intrigantes conexões e a a compreensão de como as extinções afetaram o planeta e o reconhecimento de seus efeitos nos dias atuais.

O estudo foi publicado recentemente na revista científica especializada The Anatomical Record, tendo sido o resultado de esforços de cientistas brasileiros, cooordenado por Felipe Pinheiro em colaboração com a paleontóloga Stephanie Pierce, da Universidade de Harvard, responsável pelos fundos que financiaram as pesquisas e tendo a participação de Tiago Simões, da Universidade de Princeton,EUA.

Bibliografia

Universidade Federal do Pampa. Descoberta: Anfíbio gigante mais antigo que dinossauros é encontrado no Rio Grande do Sul. Unipampa [S.I]. São Gaberil – RS, Janeiro 2024. Disponível em: https://unipampa.edu.br/portal/descoberta-anfibio-gigante-mais-antigo-que-dinossauros-e-encontrado-no-rio-grande-do-sul. Acesso em 06/05/2024, às 9:50 h.

Capa do Post: Arte de Márcio Castro – Foto do fóssil no corpo da notícia: Felipe Pinheiro.

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Foto de Jefferson Alvarenga

Jefferson Alvarenga

Jefferson Alvarenga é criador e editor do Site Biota do Futuro. Biólogo, Pós Graduado em Gestão da Saúde Ambiental e em Imunologia e Microbiologia. Apaixonado por educação, pesquisa e por divulgação científica.

Como citar este conteúdo: ALVARENGA, Jefferson. Fóssil de anfíbio gigante mais antigo que os dinossauros é encontrado no Rio Grande do Sul. Biota do Futuro. Betim, 6 de maio de 2024. Disponível em: https://www.biotadofuturo.com.br/fossil-de-anfibio-gigante-mais-antigo-que-os-dinossauros-e-encontrado-no-rio-grande-do-sul/. Acesso em 04/10/2025 às 11:43 h.

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