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Aedes aegypti, vetor de doenças tropicais

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As doenças tropicais assolam o mundo todo. Originários da África e antes restritos a algumas regiões do planeta, com a globalização, os mosquitos do gênero Aedes se disseminaram amplamente.

Causadores de doenças importantes, alguns vírus se alojam nas peças bucais desses mosquitos, utilizando-os como hospedeiros intermediários, para atingir finalmente os seres humanos, através da picada.

Esses vetores que têm unicamente as fêmeas apresentando o hábito da hematofagia, se alimentando de sangue, inoculam nesse processo a carga viral de que são portadores provocando surtos epidêmicos de graves doenças.

É o caso da Dengue, já tão difundida com suas quatro variações do mesmo vírus que podem na medida que infectam sucessivamente um indivíduo, agravar o risco de morte pelas complicações hemorrágicas que provocam.

Posteriormente, surge utilizando também o Aedes Aegypti como vetor o vírus causador da Chikugunya. E agora o Zica Vírus se alastra, trazendo sofrimento e alarmando as pessoas em todas as regiões do país. Vamos saber mais um pouco sobre essa doença?

A Febre Zica

O Zica Vírus é transmitido pela picada do mosquito Aedes aegypti, o mesmo que é o vetor do vírus da Dengue, Chikugunya e Febre Amarela.

Os sintomas da infecção pelo Zica Vírus são febre, dor no corpo, mal estar, manchas vermelhas na pele e vermelhidão nos olhos.

Todos podem ser afetados pela infecção pelo Zica Vírus. Os sintomas gerais são sempre os mesmos. Mas as GESTANTES precisam de mais cuidados por causa da possível relação de casos de microcefalia associados à febre Zica.

Microcefalia é uma má formação que ocorre durante a gestação, afetando o desenvolvimento da cabeça do bebê.

O Zica Vírus possivelmente apresenta um evento de tropismo, uma atração por células do sistema nervoso central que se multiplicam em grande número principalmente nas primeiras semanas de gestação, provocando lesões que podem causar a MICROCEFALIA.

O Zica VÍrus fica no organismo das pessoas por um período de 5 a 9 dias. Após esse período a infecção cessa os seus sintomas pela ação da resposta imunológica do sistema de defesa. Essa resposta é específica com a geração de anticorpos que proporciona  imunidade a novas infecções pelo Zica.

A infecção pelo Zica Vírus pode causar também a síndrome paralisante de Guillain-Barré o que pode acontecer dias ou semanas após o desaparecimento dos sintomas gerais.

A Síndrome de Guillain-Barré é uma paralisia temporária dos músculos do  corpo e surge com sinais de formigamento nas extremidades e dificuldade de locomoção. Existe tratamento e os sinais e sintomas revertem após algumas semanas. Fique atento e procure um médico.

O combate ao mosquito é a melhor prevenção contra as doenças causadas pelas várias espécies de vírus transmitidas pelo Aedes aegypti.

Não deixe focos de água parada em sua residência que podem se tornar um berçário para as larvas dos mosquitos.

Biologia do mosquito

O mosquito Aedes aegypti é originário do continente africano. mas ampliou seu habitat a varias regiões do globo, principalmente as zonas de clima tropical com chuvas abundantes. Adora ambientes quentes e úmidos. Se reproduzem abundantemente nas épocas mais quentes do ano.

A cópula de Aedes ocorre fora de enxames e a fêmea exerce a hematofagia logo após a cópula e depois realiza a postura, colocando os ovos normalmente no mesmo criadouro em que nasceu.

Algumas espécies de mosquitos hematófagos podem realizar as primeiras posturas sem a ingestão de sangue (autogenia).

O sangue para as fêmeas é necessário para a maturação dos ovários, ovos e nutrição própria em geral no período reprodutivo.

Os mosquitos são holometábolos, isto é, passam pelas fases de ovo, larva (quatro estágios larvais L1, L2, L3 e L4 ), pupa e adulto.

Os culicidae, gênero Aedes, depositam seus ovos isolados e fora da água mas próximo do nível da  mesma, nas paredes dos recipientes ou no entorno dos corpos de água limpa.

A fêmea coloca de 100 a 300 ovos conforme a espécie em 2 a 8 posturas, sempre após o repasto sanguíneo.

Após um período de 2 a 4 dias, sob temperatura média de 26 ºC, os ovos dão origem a larvas que se movimentam muito na água.

Sua respiração é por espiráculos existentes no último segmento abdominal ou pelo tegumento quando submersos. Se  alimentam de plâncton.

Após 10 a 20 dias o quarto estágio de larva se transforma em pupa e daí a três dias emerge o adulto, que permanece por alguns minutos sobre a exúvia, o exoesqueleto larval abandonado, para o enrijecimento do novo exoesqueleto de quitina e dos músculos.

Em seguida procuram abrigos com pouca luz, sem vento e umidade relativa do ar elevada. Podem transitar voando até 2500 metros de distância do local onde se localiza o foco original, podendo infestar assim, outras áreas bem distantes.

Tanto o macho quanto a fêmea adultos se alimentam primariamente de açúcares sugando frutos maduros ou néctar e também a secreção de pulgões, colchonilhas e cigarras depositadas nas árvores.

As fêmeas possuem aparelho bucal picador – sugador apropriado para a hematofagia nos períodos de reprodução.

O aparelho bucal dos machos é apenas sugador, pois eles se alimentam somente de açúcares da seiva das plantas, do sumo dos frutos maduros e de secreções açucaradas de outros organismos.

A atração ao hospedeiro vertebrado ocorre por uma combinação de estímulos, visual (silhueta), olfativo (ácido láctico, CO2, octenol) e correntes de convecção, de temperatura e de umidade.

Durante a alimentação, a enzima apirase é produzida nas glândulas salivares e tem a função de impedir a agregação das plaquetas do sangue e aumentar a vaso dilatação no local da picada facilitando o forrageamento sanguíneo.

É na glândula salivar onde os parasitos virais (Dengue, Chicugunya, Zica e febre Amarela) se alojam e contaminam o hospedeiro pela injeção da saliva durante a picada.

Os Aedes são antropofílicos, gostam de picar humanos mas também são ecléticos picando também alguns outros animais. É considerado cosmopolita.

A espécie aegypti é essencialmente doméstica. A hematofagia, cópula e oviposição são diurnas. Vivem de 15 a 20 dias.

Exercem a hematofagia tanto dentro como fora das casas em dois períodos entre 7 e 10 horas da manhã e entre 16 e 19 horas à noitinha.

Possui voo extremamente rápido, logrando fuga diante de qualquer movimento antes que possa ser morto pela vítima.

A contaminação dos ovos  (trans ovariana), foi verificada por pesquisadores em Belo Horizonte.

Os ovos são resistentes à dessecação podendo se manter propícios à eclosão durante um ano ou mais, o que ocorre nos primeiros 15 minutos após o primeiro contato com a água.

Controle

O controle pode ser por COMBATE À LARVA com larvicidas químicos e biológicos ou por utilização de predadores naturais como a planária, baratas d`água e peixes larvíporos como as tilápias, além de espécies de helmintos, protozoários, fungos e bactérias.

Mas a larva pode ser combatida também de forma física removendo e limpando possíveis criadouros interrompendo o seu ciclo de desenvolvimento.

O controle por COMBATE AO ADULTO é por inseticidas ou por armadilhas de oviposição com atraentes voláteis usando o artifício de fermentação de gramíneas ou grãos e cereais que liberam odores que os atraem.

Entretanto os métodos de controle com inseticidas químicos em sua maior parte tornam os insetos resistentes, sendo necessárias cada vez doses mais altas de defensivos para combatê-los o que se torna um inconveniente do ponto de vista da segurança humana e ambiental.

Além disso, o inseticida pode matar outros organismos como abelhas, borboletas, besouros, joaninhas e até pássaros, importantes igualmente na natureza por seus serviços ecossistêmicos prestados.

O controle com bio inseticidas, a educação sanitária e ambiental e a participação da população, além de um maior monitoramento dos insetos é sempre desejável e complementar nas práticas de manejo como importantes e eficazes métodos profiláticos.

A participação cidadã e responsável é de primordial importância.

É sempre bom ficar atento em relação à limpeza constante dos quintais, e inspeção de calhas e canaletas com eliminação dos possíveis focos de água parada.

A limpeza e o tamponamento das caixas d`água, e eliminação de embalagens, plásticos e pneus que podem acumular água devem fazer parte da rotina de cuidados para evitar a disseminação do mosquito.

Também é importante realizar o correto acondicionamento e descarte do lixo doméstico, observando os horários de coleta para que animais vadios não rasguem as embalagens e espalhe o lixo que pode se tornar berçário para o Aedes principalmente com as chuvas de verão.

* O conteúdo do site é produzido a partir de fatos concretos e de conhecimento baseado em evidências. Novas informações e ou avanços da ciência podem ensejar atualizações e aprimoramentos. Encontrou algum equívoco? Reporte-nos! *


Foto de Jefferson Alvarenga

Jefferson Alvarenga

Jefferson Alvarenga é criador e editor do Site Biota do Futuro. Biólogo, Pós Graduado em Gestão da Saúde Ambiental e em Imunologia e Microbiologia. Apaixonado por educação, pesquisa e por divulgação científica.

Como citar este conteúdo: ALVARENGA, Jefferson. Aedes aegypti, vetor de doenças tropicais. Biota do Futuro. Betim, 23 de fevereiro de 2016. Disponível em: https://www.biotadofuturo.com.br/aedes-aegypti-vetor-de-doencas-tropicais/. Acesso em 16/06/2025 às 17:15 h.

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