O guigó-da-Caatinga (Callicebus barbarabrownae) é um macaco nativo e exclusivo do Brasil, endêmico do bioma Caatinga, específico do Nordeste brasileiro.
Um estudo publicado na revista Regional Environmental Change revela que o bioma perdeu cerca de 17% de suas florestas desde 1985.
Isso é grave, especialmente quando se constata que 54% da área de ocorrência do guigó já está tomada por agricultura ou terrenos desflorestados.
Os guigós precisam de áreas com matas contínuas para obtenção de recursos, alimentação, abrigo, locomoção e reprodução.
Os habitas fragmentados, com espaços florestais isolados prejudicam a existência destes primatas.
Eles são obrigados a atravessar espaços desprovidos de cobertura arbórea o que os expõe a predadores e à caça.
Os guigós vivem em pequenos grupos monogâmicos, composto por um casal e seus filhotes. Os jovens sexualmente maduros precisam sair em busca de novos territórios.
Florestas desconectadas atrapalham a dispersão da população o que afeta sobremaneira a continuidade da espécie.
Áreas desvegetadas e ocupadas pela pecuária são um grande problema – diz o estudo.
“O gado se alimenta e pisa nas plântulas, dificultando o crescimento de novas árvores”.
“Além disso, compacta o solo e reduz a infiltração de água, prejudicando a regeneração da floresta” – explicou Bianca Guerreiro, pesquisadora da UFRN e autora principal do estudo”.
O trabalho envolveu pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Universidade Federal de Sergipe (UFS), Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Primatas Brasileiros (CPB) e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
O estudo aponta que grupos adensados em fragmentos isolados, aumenta a competição por recursos e reduz a variabilidade genética, tornando as populações mais vulneráveis. Doenças e incêndios se tornam grandes ameaças, mais do que o normal.
Em 2022, a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) e o governo brasileiro reconheceram o guigó como Criticamente em Perigo de extinção.
“As populações remanescentes correm risco real de desaparecer em um futuro próximo, se nada for feito” – alertou Bianca. É preciso conciliar produção e conservação.
Sistemas sustentáveis, como agroflorestas, rotação de culturas, o uso apenas de áreas já desmatadas e a proteção das matas ciliares são medidas que podem fazer a diferença na conservação da espécie.






