Um projeto audacioso propõe a criação de um corredor de proteção da vida selvagem em escala transnacional. É a Iniciativa Rios da Onça-Pintada.
Organizações de quatro países sul-americanos, Argentina, Bolívia, Brasil e Paraguai apresentaram a ideia na Semana do Clima em Nova York.
A abordagem se baseia na utilização dos rios como corredores de biodiversidade conectando ecorregiões importantes do ponto de vista da conservação e promoção da vida selvagem.
O objetivo é proteger, restaurar e reconectar uma área de 2,5 milhões de quilômetros quadrados ao longo de 20 anos – informou matéria publicada no Site DW.
A vida selvagem não conhece fronteiras. A bacia do Rio Paraná é a segunda maior bacia de água doce do continente e se estende pelos quatro países envolvidos na proposta.
Sendo assim, uma vasta região ao longo desse importante manancial de dimensões continentais, seria transformada em uma rota de deslocamento de animais selvagens.
O curso do Rio Paraná abrange as regiões naturais de Yungas, Gran Chaco, Mata Atlântica e Pantanal. Elas reúnem uma diversidade impressionante de ecossistemas que vão desde bosques ribeirinhos e florestas subtropicais até savanas e áreas úmidas.
Onças, ariranhas, antas, veados-do-pantanal, queixadas, tamanduás e inúmeras aves aquáticas, entre variadas outras espécies, habitam o entorno ecológico do rio, que abriga também em suas águas um rico acervo pesqueiro, como o Dourado, por exemplo.
As organizações participantes do projeto, também chamado Ríos del Yaguareté, em espanhol são a Fundação Rewilding (Argentina), Onçafari (Brasil), Nativa (Bolívia) e Fundação Moisés Bertoni (Paraguai).
Ao Site DW, Diego Giménez, biólogo da Fundação Moisés Bertoni, do Paraguai disse que, “a bacia do rio Paraná é composta por grandes rios” que fluem em “cada um dos países participantes da iniciativa”.
“Esses rios fornecem refúgio e um meio para muitas espécies percorrerem longas distâncias com segurança”, disse Giménez, destacando a onça-pintada e a ariranha.
A onça-pintada é um animal incrível, uma espécie-chave capaz de influenciar e impactar positivamente outras espécies e habitats nos ecossistemas onde está distribuída. Por isso a escolha do nome do animal para o projeto.
“Sua capacidade de percorrer longas distâncias, ocupar vastos territórios e regular espécies de presas a torna uma espécie emblemática para canalizar os objetivos e ações da iniciativa” – revelou biólogo o paraguaio.
Mário Haberfeld, fundador da Onçafari, disse que as onças-pintadas estão ameaçadas de extinção em toda a américa do sul e realçou que “a premissa é que, se houver uma boa área protegida a cada 150 quilômetros, é suficiente para os animais intercambiarem seus genes”. Por isso a importância da iniciativa.
O projeto envolve a criação de zonas de amortecimento, onde atividades econômicas sustentáveis promovem a coexistência com a vida selvagem.
Serão necessárias ações ativas de biologia da conservação e educação ambiental em conjunto com os proprietários.
A colaboração participativa das comunidades locais, deverá envolver intensas pesquisas.
A promoção da convivência harmoniosa entre humanos e fauna local facilitará a realização dos objetivos do ambicioso projeto preservacionista que se estenderá por 20 anos.
A demanda de recursos está estimada em um total de 400 milhões de dólares (R$ 2,1 bilhões). Até o momento, 26 milhões de dólares já foram arrecadados.
Para os primeiros três anos, são necessários 78 milhões de dólares e imensos esforços conjuntos. O apoio de doadores privados, grandes fundações, governos e organizações multilaterais serão fundamentais para atingir as metas.
Imagem da capa – Onça-Pintada – Foto – Lucas Morgado – Onçafari






