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Tráfico de vida selvagem: uma ameaça à biodiversidade no Brasil e no mundo

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Todos os dias uma quantidade enorme de animais silvestres são retirados dos seus ambientes naturais no Brasil e no mundo para serem comercializados ilegalmente.

Segundo o Relatório Global Sobre Crimes Contra a Vida Selvagem 2024, publicado em maio deste ano, pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), o tráfico de organismos da vida selvagem foi constatado em cerca de 162 países, com aproximadamente 4 mil espécies da flora e da fauna afetados entre 2015 e 2021.

O relatório da UNODC apontou ainda que em torno de 3250 espécies comercializadas ilegalmente são integrantes da flora e da fauna slivestre ameaçadas de extinção.

Entre os organismos mais comercializados, destacam-se muitas espécies de orquídeas raras, suculentas, répteis, peixes, aves e mamíferos. Além de madeira é claro.

No Brasil, a Amazônia é o epicentro do tráfico de animais silvestres, conforme apontou relatório produzido pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) e publicado em julho de 2020.

Além da demanda em função da condição exótica que representam em regiões em que são desconhecidos, existe também a situação envolvendo outros fatores como a confecção de adornos, utilização em culinária, uso de material biológico para diversos fins, elaboração de medicamentos da cultura popular, criação como animais de estimação entre outros.

Essa prática tem sérias implicações do ponto de vista da conservação das espécies, da saúde e equilíbrio dos ecossistemas, da veiculação de patógenos, rupturas das cadeias alimentares, perda de biodiversidade.

O contrabando de animais silvestres é uma atividade criminosa que concorre comparativamente com o tráfico de drogas, seres humanos e armas em termos de lucratividade.

Os animais são submentidos a condições deploráveis, vivendo no cativeiro ou no transporte em situações precárias de existência, infrigidos a maus tratos de toda ordem, uma enorme crueldade e sofrimento.

O tráfico de animais envolve também riscos sanitários. E a humanidade já vivenciou vários problemas dessa ordem ao longo de sua história.

Interações inadequadas com a vida silvestre podem oportunizar diversas formas de disseminação de doenças zoonóticas, aquelas cujos agentes etiológicos são transmitidas de animais para humanos.

Fiscalização insipiente, legislação frágil, corrupção e leniência são fonte de impunidade que permite que o mal prospere em todos os setores da vida humana, inclusive no contrabando de animais.

A proteção da vida selvagem agrega ativos ambientais enormes ainda não adequadamente capitalizados pelo poder político das nações, principalmementa as mais megadiversas como o Brasil e outros países igualmente ricos em biodiversidade.

A degradação ambiental traz enormes prejuízos para setores econômicos importantes como a agricultura, o ecoturismo, a indústria da biotecnologia, os ramos de alimentos, cosméticos, medicamentos.

A ciência perde oportunidades incríveis de novas descobertas em função da perda de organismos muitos deles ainda desconhecidos e não catalogados.

O potencial de ganhos financeiros e de bem estar a nível planetário com a proteção dos ecosssistemas é enorme. Esforços coletivos são necessários e urgentes no âmbito das governanças globais e a nível das comunidades humanas.

A cooperação precisa passar por esforços coordenados com vistas aos interesses relativos aos benefícios da proteção da vida como um todo, para o bem da própria sobrevivência da espécie humana no presente, sem esquecer das futuras gerações.

Educação, conscientização, informação e conhecimento científico são ferramentas transformadoras que podem e devem ser usadas a benefício da proteção dos sistemas ecológicos em todo o planeta.

Valorizar os serviços ecossistêmicos prestados pelas diversas comunidades biológicas e pelos diversos sistemas naturais, com a consciência de que a própria espécie humana depende deles para sua continuidade no planeta é fundamental.

“O tráfico de vida silvagem pode “prejudicar ecossistemas sensíveis (…), suas funções e processos, inclusive sua capacidade de ajudar a estabilizar o clima e atenuar a mudança climática” apontou o relatório da UNODC.

Bibliografia

HANSFORD, Brian. UNODC: Tráfico de vida selvagem afeta mais de 4.000 espécies em todo o mundo. Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) [S.I]. Viena, Áustria, Maio de 2024. Disponível em: https://www.unodc.org/lpo-brazil/pt/frontpage/2024/05/unodc-trafico-de-vida-selvagem-afeta-mais-de-4000-especies-em-todo-o-mundo.html. Acesso em 18/11/2024 às 8:00 h.

Imagem da Capa – Foto de Matheus Lara – Pexels.com. Disponível em: https://www.pexels.com/pt-br/foto/papagaio-verde-vibrante-na-copa-das-arvores-exuberantes-29060613/

* O conteúdo do site é produzido a partir de fatos concretos e de conhecimento baseado em evidências. Novas informações e ou avanços da ciência podem ensejar atualizações e aprimoramentos. Encontrou algum equívoco? Reporte-nos! *


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Jefferson Alvarenga

Jefferson Alvarenga é criador e editor do Site Biota do Futuro. Biólogo, Pós Graduado em Gestão da Saúde Ambiental e em Imunologia e Microbiologia. Apaixonado por educação, pesquisa e por divulgação científica.

Como citar este conteúdo: ALVARENGA, Jefferson. Tráfico de vida selvagem: uma ameaça à biodiversidade no Brasil e no mundo. Biota do Futuro. Betim, 18 de novembro de 2024. Disponível em: https://www.biotadofuturo.com.br/trafico-de-vida-selvagem-uma-ameaca-a-biodiversidade-no-brasil-e-no-mundo/. Acesso em 16/06/2025 às 17:37 h.

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